A China cresceu a uma media de dois dígitos ao ano nas ultimas décadas para atingir o posto de 2ª economia mundial, 1ª exportadora e o motor turbo que pode evitar uma recessão global. Seus avanços na infra-estrutura, produção e o conseqüente resultado econômico de suas balanças comerciais e de pagamento são um ‘case’ de desenvolvimento.Nada disso ocorre no ‘Middle Kingdom’ (ou Reino do Meio) por acaso ou por milagre, pois como diz o mestre Delfin Netto – ‘Milagre é efeito sem causa’. Da mesma forma, qualquer estudante de economia básica sabe que ‘não existe almoço de graça’ principio básico da ciência que analisa as trocas num ambiente de bens e serviços escassos.A China atual apresenta um modelo diferente de qualquer outro já implantado no mundo: a associação de um modelo econômico capitalista liberal com um modelo político autocrático com a prevalência total do estado. Graças a Deng Xiao Ping que partiu para eliminar décadas de atraso econômico determinado por Mao Zedong, através de um rígido planejamento central que priorizou o crescimento, a melhoria gradual da qualidade de consumo e vida da população sobre o radicalismo socialista.Foi uma mudança traumática – da retirada do poder dos burocratas maoístas da Revolução Cultural para o domínio da economia de mercado, das comunas pela propriedade privada e o secular isolacionismo chinês pela abertura ao capital, tecnologia e às marcas globais.“Não importa se o gato é preto ou branco – se caçar gatos é um bom gato” – dizia o pragmático Deng após a grande fome de 1960 que matou mais de 30 milhões e da Revolução Cultural seguinte, que instituiu o reino de terror no país. Ou o país se adaptava ou a idéia socialista sucumbiria como na URSS, no Muro de Berlim ou nos falidos modelos norte-coreano e cubano. Esta é grande vantagem na condução de políticas econômicas dirigidas e autocráticas: elas são de fácil execução pela ausência de discussões ou debates e eliminação dos opositores. Com isso a China conseguiu o primordial fator de desenvolvimento: a confiança do capital, da tecnologia e das corporações multinacionais nas suas Instituições, no seu ambiente econômico.O resultado obtido é o Nirvana do investimento produtivo que conta com o apoio do poder publico que não hesita em suprimir organizações sindicais e suas reivindicações para que esta percepção se imprima na mente econômica global. Grande mudança desde o pensamento comunista, suavizado pela meta de Deng de levar a riqueza a todos de forma gradativa procurando evitar os desníveis socioeconômicos que acompanham a maioria dos paises desenvolvidos.A escolha de uma política cambial de sub-valorização da moeda ao estilo nipônico e germânico pós-guerra, incentiva o estabelecimento de indústrias no país como base de exportação global, importando assim a custo zero, técnicas de gerenciamento modernas aliadas a tecnologia de ponta.Essa política geradora de excedentes exportáveis e recursos para investimento na infra-estrutura, repousa num crescimento sustentável e continuo do mercado interno via geração de empregos, renda e consumo, sempre sob a tutela estatal como foi o caso da recente crise econômica mundial quando o governo não hesitou em injetar bilhões em obras publicas, baixar juros e impostos. Se considerarmos que apenas 1/3 do país até agora conseguiu esta reversão de uma sociedade feudal medieval para uma economia do século XXI, a estatística do crescimento do PIB nacional chinês é ainda mais impressionante. Os monetaristas perderam sua vez nos rumos da economia chinesa, dando vez a políticas de crescimento do consumo, do credito, do investimento público em obras, do imposto reduzido e do juro barato que eventualmente tem garantido a estabilidade da moeda.O grande diferencial da China é a docilidade da população que aderiu ao livre arbítrio econômico, abrindo mão da liberdade de expressão pela continuidade do controle férreo da condução política. A onipresença das forças de segurança e sua postura gélida e arrogante, lembra que a liberdade econômica de acesso aos Rolex e Armani é patrocinada pelo poder publico central – o Politburo Comunista e o Exercito do Povo – e que pouco mudou na sofrida e histórica subserviência desde os senhores feudais, o imperador e os mandarins até os radicais da Revolução e Grande Marcha. O Chinês tem bem clara a hereditária percepção da diminuta importância de sua identidade única e individual em favor do bem coletivo, numa sociedade que beira 2 bilhões de almas
terça-feira, 6 de julho de 2010
POLÍTICA- Nada é de graça !
A China cresceu a uma media de dois dígitos ao ano nas ultimas décadas para atingir o posto de 2ª economia mundial, 1ª exportadora e o motor turbo que pode evitar uma recessão global. Seus avanços na infra-estrutura, produção e o conseqüente resultado econômico de suas balanças comerciais e de pagamento são um ‘case’ de desenvolvimento.Nada disso ocorre no ‘Middle Kingdom’ (ou Reino do Meio) por acaso ou por milagre, pois como diz o mestre Delfin Netto – ‘Milagre é efeito sem causa’. Da mesma forma, qualquer estudante de economia básica sabe que ‘não existe almoço de graça’ principio básico da ciência que analisa as trocas num ambiente de bens e serviços escassos.A China atual apresenta um modelo diferente de qualquer outro já implantado no mundo: a associação de um modelo econômico capitalista liberal com um modelo político autocrático com a prevalência total do estado. Graças a Deng Xiao Ping que partiu para eliminar décadas de atraso econômico determinado por Mao Zedong, através de um rígido planejamento central que priorizou o crescimento, a melhoria gradual da qualidade de consumo e vida da população sobre o radicalismo socialista.Foi uma mudança traumática – da retirada do poder dos burocratas maoístas da Revolução Cultural para o domínio da economia de mercado, das comunas pela propriedade privada e o secular isolacionismo chinês pela abertura ao capital, tecnologia e às marcas globais.“Não importa se o gato é preto ou branco – se caçar gatos é um bom gato” – dizia o pragmático Deng após a grande fome de 1960 que matou mais de 30 milhões e da Revolução Cultural seguinte, que instituiu o reino de terror no país. Ou o país se adaptava ou a idéia socialista sucumbiria como na URSS, no Muro de Berlim ou nos falidos modelos norte-coreano e cubano. Esta é grande vantagem na condução de políticas econômicas dirigidas e autocráticas: elas são de fácil execução pela ausência de discussões ou debates e eliminação dos opositores. Com isso a China conseguiu o primordial fator de desenvolvimento: a confiança do capital, da tecnologia e das corporações multinacionais nas suas Instituições, no seu ambiente econômico.O resultado obtido é o Nirvana do investimento produtivo que conta com o apoio do poder publico que não hesita em suprimir organizações sindicais e suas reivindicações para que esta percepção se imprima na mente econômica global. Grande mudança desde o pensamento comunista, suavizado pela meta de Deng de levar a riqueza a todos de forma gradativa procurando evitar os desníveis socioeconômicos que acompanham a maioria dos paises desenvolvidos.A escolha de uma política cambial de sub-valorização da moeda ao estilo nipônico e germânico pós-guerra, incentiva o estabelecimento de indústrias no país como base de exportação global, importando assim a custo zero, técnicas de gerenciamento modernas aliadas a tecnologia de ponta.Essa política geradora de excedentes exportáveis e recursos para investimento na infra-estrutura, repousa num crescimento sustentável e continuo do mercado interno via geração de empregos, renda e consumo, sempre sob a tutela estatal como foi o caso da recente crise econômica mundial quando o governo não hesitou em injetar bilhões em obras publicas, baixar juros e impostos. Se considerarmos que apenas 1/3 do país até agora conseguiu esta reversão de uma sociedade feudal medieval para uma economia do século XXI, a estatística do crescimento do PIB nacional chinês é ainda mais impressionante. Os monetaristas perderam sua vez nos rumos da economia chinesa, dando vez a políticas de crescimento do consumo, do credito, do investimento público em obras, do imposto reduzido e do juro barato que eventualmente tem garantido a estabilidade da moeda.O grande diferencial da China é a docilidade da população que aderiu ao livre arbítrio econômico, abrindo mão da liberdade de expressão pela continuidade do controle férreo da condução política. A onipresença das forças de segurança e sua postura gélida e arrogante, lembra que a liberdade econômica de acesso aos Rolex e Armani é patrocinada pelo poder publico central – o Politburo Comunista e o Exercito do Povo – e que pouco mudou na sofrida e histórica subserviência desde os senhores feudais, o imperador e os mandarins até os radicais da Revolução e Grande Marcha. O Chinês tem bem clara a hereditária percepção da diminuta importância de sua identidade única e individual em favor do bem coletivo, numa sociedade que beira 2 bilhões de almas
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